A raiva é uma dádiva
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Seria interessante descobrir quantos adolescentes conheceram a história de Che Guevara ou ficaram sabendo que o FBI perseguiu Martin Luther King Jr. por sua oposição à Guerra do Vietnã ouvindo o álbum de estreia do Rage Against the Machine. Enquanto outros lançamentos dos anos 90, como Nevermind, do Nirvana, ajudaram a trazer os estilos underground para o mainstream, o Rage trouxe seu ativismo político e social, inspirado em grupos como os Panteras Negras e a organização radical de esquerda Weather Underground.
Como os revolucionários, os MCs e o hard rock que o inspiraram, Rage Against the Machine (1992) existe em letras garrafais. Suas letras mais perenes – “Some of those that work forces/ Are the same that burn crosses” [em tradução livre: “Alguns daqueles que trabalham para a lei/ São os mesmos que queimam cruzes”], de “Killing In the Name”, e “Anger is a gift” [“A raiva é uma dádiva”], de “Freedom” – ficaram na memória como cantos de protesto. E o imediatismo não é só uma metáfora para a mensagem do grupo: é uma forma de espalhar a palavra e colocar o poder nas mãos das pessoas. Rage Against the Machine é um álbum que você pode ouvir na academia ou construir uma enciclopédia revolucionária com ele.