Uma mistura revolucionária de soul relaxante e paranoia latente criada em Bristol.

Blue Lines
Massive Attack
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Inspirados tanto pela música reggae da diáspora caribenha, que ouviam na sua Bristol natal, quanto pelo emergente rap britânico, o coletivo de DJ e MC Massive Attack forjou uma nova estética ao misturar uma claridade cristalina com a atmosfera paranóica do fumo da erva. Essa tensão entre inquietação e harmonia é constante ao longo do seu álbum de estreia, mas atinge o seu expoente máximo na faixa mais popular do disco, “Unfinished Sympathy”. Aí, combinam sumptuosas orquestrações com samples vocais enigmáticos e a voz da cantora Shara Nelson a lamentar um amor não correspondido. Os Massive Attack criaram, assim, cinco minutos de música soul que consegue simultaneamente gerar tranquilidade e alvoroço.
O grupo viria a ser rotulado de precursor de um novo e relaxado género chamado “trip-hop”, que inspirou dezenas de imitadores e centenas de listas de reprodução para relaxar. No entanto, Blue Lines está longe de ser calmante. No meio das suas melodias eufóricas ouvimos um vocal sinistro, e no meio do seu balanço ritmado há uma linha de baixo a rasgar até à distorção. Há sempre qualquer coisa para nos inquietar.
“Nunca fui um idealista, mas senti que podíamos mudar a vida das pessoas com o que estávamos a criar.”
3D
Massive Attack