Uma intérprete singular cruza géneros no expoente do seu talento.
I Put a Spell on You
Nina Simone
88
I Put a Spell on You tornou-se um dos álbuns mais aclamados de Nina Simone. Além disso, a faixa-título, uma versão melodramática do clássico rock de Screamin’ Jay Hawkins envolto em arranjos de cordas, converteu-se no seu single mais aplaudido desde a sua estreia enquanto artista. No entanto, o tema mais popular deste registo acabou por ser “Feeling Good”, impulsionado pela secção de metais e uma orquestra que, mesmo assim, não consegue competir com a força vocal de Simone na sua ousada reinvenção de um clássico dos anos 50. Parte da sua popularidade deve-se à sua raridade: a música é um hino comemorativo idealizado numa tonalidade menor.
“Ela consegue fazer qualquer coisa como se fosse essa a sua vontade.”
Brittany Howard
Ao agregar no seu repertório canções de todos os tipos, Simone rejeitou o espartilho imposto pelo conceito de “cantora de jazz”. “Cantora pop” também não era uma alternativa ideal, já que as monumentais orquestrações em estúdio nunca diluíram a sua aguçada visão musical. Ela era simplesmente uma artista singular, que nunca se deixou intimidar por versões, passadas ou futuras, da música que gravou. Neste álbum, Simone reinventa músicas de musicais (“Beautiful Land”), transforma-se numa chanteuse em “Ne Me Quitte Pas” (uma das três faixas do álbum originalmente escritas em francês) e aproxima-se casualmente da familiaridade do R&B com “Gimme Stone”. Tudo com a naturalidade de quem só sabe ser ela própria.