Uma afirmação extravagante que mudou o som e a paisagem do hip-hop
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O quinto álbum de Kanye West – e o mais caro da história do hip-hop – é um trabalho de 68 minutos que vibra com a mistura singular de narcisismo e estilo confessional. My Dark Twisted Fantasy (2010) combinou as ambições artísticas dos Beatles com a opulência do Pink Floyd e o esplendor pop de Michael Jackson – mas tem o peso particular do posicionamento do cantor e compositor. Para citar alguns dos feitos luxuosos do álbum, há uma obra-prima de rap progressivo de nove minutos (“Runaway”), que vem acompanhada de um curta-metragem de 35 minutos; a arte do projeto é assinada por George Condo, artista contemporâneo e colaborador de Andy Warhol; e a música “All of the Lights” apresenta uma orquestra e traz vocais de Rihanna, Alicia Keys e Elton John.
Mas, apesar de sua aparente ostentação, o núcleo de My Beautiful Dark Twisted Fantasy é feito de uma honestidade crua, que expõe as emoções desgastadas de Kanye com reflexões, autocrítica, relacionamentos turbulentos, ruminações sobre a fama e momentos de raiva. O álbum mudou para sempre a paisagem do hip-hop com sua ousadia em atravessar as fronteiras do gênero, sua imaginação sem limites e sua apresentação suntuosa, que prenunciou a virada do rap em 2010 rumo a sonoridades maximalistas e design artístico.