Provocativo, grudento e pensado para enfurecer o mundo
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O próprio Eminem já reconheceu que The Marshall Mathers LP (2000) foi seu auge. Ele já era alvo de críticas depois do lendário The Slim Shady LP no ano anterior, mas aqui suas provocações eram ainda mais insolentes (a violência excessiva de “Kim”) e seus momentos mais grudentos estavam entre os mais tocados – e cantados – do pop do início dos anos 2000 (“The Real Slim Shady”). E se você achou, para além das rimas sarcásticas e provocativas, que Eminem não seria capaz de criar algo profundo e empático, “Stan” é tão incisiva na maneira como retrata o desespero do dia a dia quanto uma música de Bruce Springsteen.
"Eu faço rap pra ser o melhor rapper... quando você se empenha nesse nível, é o que inspira a grandeza.”
Dito isso, é importante não esquecer que o álbum também mostra o rapper errando a mão ao usar xingamentos homofóbicos para insultar seus detratores. Esse tipo de humor comprometeu a principal mensagem que ele queria transmitir – a de que ele estava sendo um bode expiatório para problemas maiores. “Wasn’t me, Slim Shady said to do it again” [em tradução livre” “Não fui eu, Slim Shady falou para fazer de novo”], ele rima em “Who Knew”, personificando um adolescente armado. “Damn, how much damage can you do with a pen?” [“Quanto estrago você pode fazer com uma caneta?”]. Um ano antes, Eminem afirmou que Deus o enviou para enfurecer o mundo. The Marshall Mathers LP deixou o rapper um passo mais perto da meta divina.