Uma imersão sonhadora que revela as ambições dos ícones do gótico

Disintegration
The Cure
56
Quatro anos depois que as melodias fidedignas de The Head on the Door marcaram um rompimento definitivo com a intensidade claustrofóbica dos ícones da música gótica no início dos anos 80, o oitavo álbum do The Cure afiou estes instintos pop e aumentou a visão da banda, alcançando proporções grandiosas.
“Quando você chega ao Disintegration, fica ainda mais estranho e sombrio. Eu só conseguia pensar nisso.”
Kaskade
Disintegration (1989) é um mergulho em um clima pitoresco: nostálgico e profundamente melancólico, anunciando a onda do dream pop e do shoegaze britânico (e se inspirando nela). Clássicos do rock alternativo, como “Pictures of You”, “Lovesong” e “Fascination Street”, são tão instantâneos e indeléveis quanto qualquer outro material do catálogo da banda, mas o The Cure moderou suas emoções de forma que até mesmo a tonalidade maior de uma faixa como “Plainsong” é marcada por um tom mais rico e profundo.

Há aqui um eco da desolação que é marca registrada da banda mas, agora, a espiral que leva ao desespero é estranhamente bem-vinda – como se Robert Smith tivesse descoberto que, nas noites mais frias, enrolar-se na própria solidão é a única maneira de se manter aquecido. E, nesse processo, ele conduziu o gótico – e seus fãs – até o mainstream.