Um cartão de visitas de 63 minutos do futuro peculiar do hip-hop
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Transmitindo ao vivo de Marte – ou, mais especificamente, do subúrbio de Long Island –, o De La Soul já surgiu maduro em 1988, com “Plug Tunin’”, um doze-polegadas que misturava jogos de palavras com os samples mais matadores que o hip-hop já tinha visto. Na sequência, em 3 Feet High and Rising (1989), seu álbum de estreia, Trugoy the Dove, Posdnuos, DJ P.A. Pasemaster Mase e o produtor Prince Paul conceberam um espirituoso cartão de visita de 63 minutos do futuro peculiar do hip-hop. Eles eram os excluídos antes do Outkast e as raízes antes do The Roots.
Sem apego a gêneros na busca por tesouros escondidos da música, o De La Soul enriqueceu o hip-hop com atmosferas alienígenas e novas texturas, em vez de apenas colagens de James Brown e Funkadelic (apesar de as melodias elásticas do Funkadelic serem a espinha dorsal de “Me Myself and I”, o único Top 40 da banda nos EUA). Esse caldeirão incluiu Schoolhouse Rock!, Steely Dan, gravações com aulas de francês, Johnny Cash e uma fita cassete do Liberace que eles encontraram no estúdio. E a poética descontraída do grupo quebrou e transformou frases em nuvens expressionistas que variavam entre poesia pura e nonsense inspirado. Orgulhosamente excêntricos, pregando sua mensagem de autoafirmação e vestidos com medalhões africanos em vez das grandes correntes de ouro, eles foram o modelo boêmio de rappers alternativos durante muitos anos.