Uma obra-prima do romantismo trágico
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O processo de gravação de Donald Fagen e Walter Becker evoluiu de um grupo fixo de pessoas tocando um conjunto de músicas do início ao fim para um processo fragmentado, em que eles experimentavam diversos músicos para a mesma parte até que encontrassem uma combinação satisfatória – e depois repetiam o método na próxima música. Por mais sofisticado e complexo que fosse esse processo, o Steely Dan nunca foi tão objetivo como em Aja (1977). Tem o R&B de “Josie”, o batidão de “Black Cow” e a dance music de “Peg” – que era de fato dance music, não uma dissertação sobre o gênero.
“Steely Dan é aquela banda que toda música que você adora, mas não sabe de quem é. É deles.”
Na névoa costeira do pop californiano dos anos 70, Fagen e Becker sempre pareceram hipsters nova-iorquinos criados no R&B e no jazz. Mas Aja foi a primeira vez que esta identidade veio à tona de forma tão clara na música. Embora existam muitos concorrentes de respeito, nenhum personagem capturou tão bem o romantismo trágico do Steely Dan quanto o cara suburbano de “Deacon Blues”, que fantasia sobre se tornar um saxofonista – só que fica bêbado e morre em um acidente de carro. Sim, ele é um desajustado. Mas pelo menos acreditava em algo.