Arte que cura e digna de museu, baseada na experiência da mulher negra – especialmente na dela própria
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“Fall in your ways so you can wake up and rise” [em tradução livre: “Caia à sua maneira, para que você possa acordar e se reerguer”], canta Solange na primeira faixa do seu terceiro álbum, A Seat at the Table (2016). A frase resume a jornada da artista, então com 30 anos – anteriormente mais conhecida como a irmã mais nova de Beyoncé Knowles –, voltando de um hiato e recebendo o devido reconhecimento como uma legítima visionária.
“Veja o controle que ela tem, a força das nuances, do silêncio. Isso é tão poderoso quanto um buzinaço em alto volume.”
Em faixas como “F.U.B.U.”, ela foca no empoderamento negro; em “Don’t Wish Me Well”, externaliza as dores pessoais do amadurecimento e o que é deixado para trás. Oito interlúdios conectam suas histórias, com narrações de seus pais, Mathew e Tina Knowles, e de Master P. Outras colaborações incluem Lil Wayne, Sampha, The-Dream e Raphael Saadiq, que inicialmente enviou para Solange a versão instrumental do que se tornaria “Cranes in the Sky” e que acabou produzindo oito faixas do álbum. O conjunto de 21 músicas é arte que cura e digna de museu, baseada na experiência da mulher negra, indissociável das próprias dificuldades e triunfos de Solange.